Entrevista com Me. Rita Bretas, 1989, Jundiaí.
O Pe. Agostiniano Monsenhor Francisco Inácio de Souza com a ajuda de outras pessoas de prestígio na cidade conseguiram trazer para a cidade de Catalão – Estado de Goiás – as cinco Religiosas espanholas Madres Agostinianas Missionárias que seriam as fundadoras do Colégio Nossa Senhora Mãe de Deus. São elas: Me. Natividade Gorrochátegui, Me. Esperanza Garrido, Me. Mercedes Iriarte, Me. Paz Hernandez e Sor. Inês Lopes. Elas chegaram no dia 21 de fevereiro de 1921.
Nos primeiros anos as Madres fundadoras passaram bastante medo, pois Catalão tinha má fama devido à rixa entre duas famílias: Andrades e Paranhos. Era costume os homens andarem armados e por isso elas tinham medo.
Iniciaram a pedido da comunidade, o internato com 3 (três) alunas: Maria Anunciação Martins, Bernardina Martins e Maria das Dores Campos, todas para o curso primário. Havia apenas uma sala de aula, uma mesa para a professora, 5 ou 6 cadeiras grandes e alguns bancos pequenos. As aulas iniciavam às 11 horas e terminavam às 16 horas. Além das disciplinas do currículo normal, havia encontros de ensino religioso com a filosofia de Santo Agostinho e aprofundamento na experiência de Deus através da oração.
A Escola foi crescendo e onde havia apenas 3 (três) alunas passaram para 5 (cinco), depois 15, 20 até chegar a 120 alunas internas e semi-internas. O Colégio Mãe de Deus iniciou no dia 02 de julho de 1921 com 18 alunas tendo como diretora a Me. Natividade Gorrochátegui .
Em fevereiro de 1922 a escola contava com 50 alunas externas e 3 internas de Goiandira. As Irmãs Natividade Gorrochategui e Me. Esperança Garrido ministravam aulas, transmitindo sempre os valores cristãos e educavam as crianças, adolescentes e jovens segundo a Palavra de Deus no Evangelho.
Me. Maria de Jesus Victor Rodrigues foi a primeira catalana a ser matriculada no Colégio e a primeira Agostiniana Missionária brasileira.
Antes havia apenas o Colégio masculino “Sagrada Família”. Dele nasceu a semente que deu origem ao Colégio Nossa Senhora Mãe de Deus, a comunidade local sentiu a necessidade da criação de um Estabelecimento de Ensino para moças dirigidas por Religiosas. As Madres saíram da Espanha no dia 21 de janeiro de 1921. A viagem durou 26 dias. Chegaram ao Porto de Santos em 17 de fevereiro de 1921. Monsenhor Souza (padre agostiniano espanhol), que vivia em Catalão, aguardava as Madres no cais de Santos – SP. Vieram de trem de ferro até Catalão. Muitas pessoas aguardavam as madres na estação do trem.
Em 1921 Catalão contava com 3.000 habitantes. Possuía apenas um grupo escolar, que é o atual Rita Paranhos Bretas, com pouco mais de 100 alunos, uma escola particular de Rosentina Santana e Silva, a mestra Dona YáYá e um colégio de Padres Agostinianos, que fechou em 1943.
Nesta ocasião dirigiam a Paróquia local os padres agostinianos de origem espanhola. Entre eles estava o Monsenhor Francisco Inácio de Souza, um dos diretores do Colégio Sagrada Família que educava somente meninos.
Em 1925 foi inaugurada a primeira turma da Escola Normal com as alunas: Julia Victor Rodrigues, Astréa Bretas, Telezila Neto, Elvira Righeto e Maria das Dores Neto.
Me. Natividade Gorrochátegui foi a primeira diretora do Colégio Nossa Senhora Mãe de Deus em Catalão. Ela atuou durante cinco anos na primeira comunidade do Brasil. Em 1935 ocupou o cargo de Geral na Espanha onde faleceu em 20 de novembro de 1936. Nascida na Espanha, em Bilbao, província Vasco no ano de 1.888, teve pais profundamente cristãos e dois irmãos que também seguiram a Vida Religiosa agostiniana. Me. Natividade entrou para o convento com 18 anos. Estudou o magistério, fez curso de piano logo que professou. Exímia pianista e compositora. Era uma mulher enérgica e culta. Com 33 anos presidiu o grupo das cinco primeiras Irmãs que vieram para o Brasil. Sabia transmitir com clareza e muita facilidade os ensinamentos. De olhar penetrante de amor e de ternura, semblante afável, porte elegante. Falava pouco, mas o seu silêncio dizia muito. Por isso era muito admirada pelas suas alunas. Muito entusiasmada fazia respeitar sem nada exigir, nem castigar, aconselhando quando necessário, com palavras brandas e terminava fazendo as pessoas rirem, imitando o que de errado as jovens faziam quando entravam na capela ou faziam genuflexão errada. Nos recreios achava graça das brincadeiras inocentes, dos risos e da criatividade das jovens.
Participou, em 1926 na Espanha, do Capítulo Geral, retornando ao Brasil no mesmo ano. Em 1927 acompanhou a primeira turma de professoras normalistas e em 1932 é eleita superiora geral, voltando para a Espanha. Retornou ao Brasil para a fundação do Colégio Cristo Rei – já como Superiora Geral –, em 2 de fevereiro de 1933, na Rua Apeninos, em São Paulo, ficando no Brasil até o ano de 1935, quando retorna a Espanha. Me. Natividade lutou muito pela união das duas Províncias Madrid e Logroño. Com a guerra na Espanha Me. Natividade teve que abandonar o Convento sem o hábito Religioso, alojando-se em casa particular, sem alimentação necessária, sem agasalhos, “apanhou” uma pneumonia e faleceu, silenciosamente, desconhecida, sem o aconchego da comunidade que tanto amava.
Me. Esperança Garrido foi a segunda diretora. Dava aulas de matemática, bordados, religião. Preparava teatros e ensinava as alunas cantos folclóricos da Espanha. Participava da limpeza das salas de aula e demais dependências da casa. Tinha grande devoção a Maria e deixava este exemplo às alunas. Pulso firme, enérgica, culta, de resoluções e decisões precisas, espírito forte, dava impulso à missão que assumira. Os alunos a respeitavam, temiam, mas também a amavam, admiravam seu entusiasmo, sua força de vontade, sua fé inquebrantável.Todas as alunas conheciam as orações: “Lembrai-vos…” e outras jaculatórias que ela ensinava.. Era persistente, lutava para vencer obstáculos por estes valores. As primeiras fundações tiveram êxito. Terminava suas orações dizendo: “EN EL NOMBRE DEL SEÑOR JESUS CRISTO BENDITO. AMÉN”. Madre Esperança foi diretora do Colégio Nossa Senhora Mãe de Deus em Catalão de 1926 a 1937. Comprou terrenos, construiu o prédio novo. Em sua gestão foi criado o noviciado na mesma cidade, em 05 de janeiro de 1931, com as duas primeiras noviças: Julia Victor Rodrigues (Me. Maria de Jesus) e Yara Bucher, que receberam o hábito em julho de 1931 com grandes festividades. Este noviciado durou até abril de 1950, sendo transferido para São Paulo.
A 3ª diretora foi a Me. Maria de Jesus Victor Rodrigues, formanda e noviça da primeira turma. Foi um fruto colhido do trabalho educativo das Agostinianas Missionárias. Esteve na direção por mais de dez anos por um período de grande progresso.
Outras diretoras:- Me. Maria Lúcia Resende, Me. Maria José da Silva Araujo, Me. Evangelina Novakowski, Me. Maria da Paz José da Silva, Me. Carmen Vegas Pozza, Me. Laurentina Fernandez Rabanal, Ir. Maria Gorete Ferreira da Silva, Ir. Ângela Cecília Traldi (1971), Ir. Maria Augusta Cortizo Vidal, Ir. Célia Cândida Rocha, Ir. Maria Aparecida Neves Monteiro, Ir. Lélia Jaime Martins (1991 a 2005).
Em 1935 foi construído um novo prédio térreo e, depois, ampliado para o primeiro andar chegando a abrigar 130 alunas internas.