A passagem do centenário da presença das irmãs agostinianas missionarias no Brasil é de grande relevância para o cenário histórico, social, econômico, cultural e religioso da realidade marajoara. É nesse intuito que procuro desenvolver esse pequeno texto, ao destacar a reciprocidade magnifica e memorável acerca da materialização de mulheres religiosas e compromissadas com o social daqueles que precisam da interiorização humana para expressar sua verdadeira fé em Jesus Cristo.
É salutar que, neste contexto social, precisa-se destacar sempre que o lema da congregação religiosa é a partir das diretrizes e preceitos advindos de Santo Agostinho e seu amor pelo próximo em Cristo. Por isso, a filosofia das irmãs agostinianas é educação e a promoção humana é imprescindível para aqueles que participam da história da presença das irmãs agostinianas, visto que, a educação transforma o ser humano a ser pessoa melhor em sociedade mesmo diante das mazelas que vivem. Desta forma, a filosofia agostiniana nos traz para a vida compromissados com o próximo para que o mesmo também tenha uma história de amor, união, paz e fé.
O século de presença das ações missionárias das irmãs agostinianas no Brasil se confunde com mais de meio século de obras missionárias e educacionais em solos marajoaras. Tal importantíssima presença histórica se faz presente na memória de muitos que tiveram a oportunidade de terem acesso ao brilhante e emocionado trabalho das irmãs nas terras sourenses. Muitos homens e mulheres, ao longo desse tempo, que são gratos e gratas pelas ações das irmãs em acolher a todos sem discriminação social e com muito amor. Na ação missionaria e educacional, as irmãs repassam que o mais importante na vida é o compromisso de homens e mulheres a se tornarem pessoas melhores no mundo a partir do compromisso com outro, pois é formidável o lado humano em conjunto com o espiritual.
No interior da história da presença e ação das irmãs agostinianas no Marajó, em especial em Soure, encontra-se a pessoa que escreve essas singelas linhas de gratidão, pois sou fruto, assim como outros sujeitos, da construção do projeto de educação e promoção humana a partir da filosofia agostiniana missionária. Minha memória se inicia como aluno na renomada construção da identidade educacional do Colégio Stella Maris. Neste período, pude perceber o quanto é essencial o acompanhamento não apenas pedagógico como também espiritual para crescer positivamente na vida. Da atenção e dedicação no colégio, tornei-me uma pessoa que procura alcançar seus objetivos a partir de meus esforços e com ajuda daqueles que queriam e querem o bem da minha pessoa. Assim, como as irmãs não medem esforços para atender a todos, a presença das irmãs destaca-se por acolher aqueles que, sem muitas condições sociais e financeiras, possam alcançar seus objetivos com êxito e humanidade, como o que aconteceu comigo.
Assim como, a maioria dos alunos a meio século atrás eram famílias de pescadores, lavradores e vaqueiros, também meu pai era pedreiro e que tinha na ação das irmãs a possibilidade que meus irmãos pudessem “ter estudos” ou “que fossem estudados e pegassem na caneta” como o mesmo dizia.
Pela educação das irmãs agostinianas, muitos, assim como eu, concluíram os estudos e, hoje, retornam para a escola e para as ações religiosas na escola Stella Maris. Portanto, voltei e hoje sou professor desta magnifica e conceituada escola que tem registro e identidade na educação marajoara e paraense. Atrevo a dizer que muitos que passaram pelas ações das irmãs missionárias demonstram a sua gratidão e divulgam pelos espaços longínquos da Amazônia e até mesmo do Brasil e pelo mundo.
Com a convicção que tenho, expresso aqui que, assim como minha história, as memorias se confunde com a presença das irmãs agostinianas missionárias no Brasil e neste tempo, também com as realidades marajoaras. Escrevo no plural as realidades porque vejo o quanto as múltiplas vivencias dos nossos conterrâneos são impares e repletas de dificuldades. É neste contexto das dificuldades que pude presenciar o tamanho da complexidade na ação das irmãs agostinianas em trabalhar com o ser humano, mas que em suas obras educacionais e religiosos são positivas ao transformar a vida das pessoas. Como anterior citado, sou prova desta ação maravilhosa.
Outros mais jovens estão saindo, assim como eu nos tempos passados, mais compromissados com o social em ajuda mutua ao próximo e alcançar seus objetivos por meio dos estudos, pois como participante do projeto da educação e promoção humana nos tempos atuais, fico jubilado em ver tantas vidas transformadas e prontas para a vida com mais humanidade na sociedade em que vivemos. Assim, com fé no Santíssimo, acredito que a ação das irmãs agostinianas vai continuar em salvar e transformar vidas em Cristo, pois vejo que, atualmente, por meio das atividades desenvolvidas pelo CAME na escola Stella Maris, mais frutos serão colhidos para o bem maior que é o amor, a união e a vida em comunhão. As atividades desenvolvidas pelo projeto CAME traz para a sociedade o nascimento de sujeitos talentosos para a música, dança, ginastica e o esporte coletivo. São atividades destinadas as crianças e adolescentes que, sem condições financeiras adequadas, possam desenvolver suas habilidades e aptidões a partir das múltiplas inteligências que existem no ser humano.
O projeto CAME transforma a vida das pessoas, pois muitos que participam das atividades já desenvolvem ações de ajuda ao próximo na sociedade e levam a identidade da escola Stella Maris e da ação das irmãs missionarias a diversos lugares do Brasil.
A gratidão pela presença das irmãs agostinianas é grande, pois foi consubstanciado a meio século de ação missionaria no Marajó que se materializa a minha memória no campo educacional e religioso católico, desde os ensinamentos adquiridos quando aluno até as pesquisas desenvolvidas quando professor da escola Stella Maris.
Com certeza, a história não para por aqui e a ação das irmãs continuará por mais séculos no território brasileiro, pois são nas obras das irmãs agostinianas missionários que posso citar “como são belos os pés do mensageiro”. Muito obrigado, irmãs agostinianas, do professor Ely Carlos Silva Santos, Soure, Marajó, Pará.
Professor Ely Carlos Silva Santos